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"Temos de apostar em transportes públicos que sejam tendencialmente gratuitos"

O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal da Maia, Silvestre Pereira, debateu com os candidatos Silva Tiago (PSD/CDS-PP), Alfredo Maia (CDU) e João Borges (PAN) na noite de 4 de Setembro, no Porto Canal.

Num debate que primou pela ausência do candidato do PS, o tema "portagens" foi o primeiro a ser discutido pelos candidatos. Para Silvestre Pereira, a redução do preço das portagens que passam pelo concelho é "um pequeno sinal, mas não resolve a situação". Silvestre recordou que os custos das autoestradas que eram sem custos para o utilizador (SCUT) foram reintroduzidos em 2010, num momento de crise económica, em que o Governo de Sócrates viu necessidade de aumentar a receita. No entanto, assumiu que "deveriam acabar estas portagens [A28, A3, A41 e A42]. Não só pela pressão de trânsito (provocam poluição e danificam as vias), como do ponto de vista económico", pelos custos que implica para os utilizadores.

Rematou acrescentando que "ainda que estes custos fossem aplicados em investimento na Maia num aspeto concreto (por exemplo, na saúde) ainda se aceitaria".

De seguida, o debate voltou-se para a questão dos transportes. Silvestre Pereira considera que "a mobilidade é um dos graves problemas do concelho da Maia. No centro temos um bom serviço de transportes, mas se queremos sair para outras Freguesias ou ir de lá até ao centro é um problema. Perde-se mais de uma hora a chegar." O candidato do Bloco defendeu que "temos de apostar em transportes públicos que sejam tendencialmente gratuitos para obrigar as pessoas a usá-los.

Mas o candidato está também preocupado com o efeito que a falta de transportes públicos tem na economica local. "É um problema gravísismo que mata muita da riqueza que a Maia tem", refere. Acrescenta que na Maia se usa em mais de 60% os meios de transporte privados, o que é uma taxa superior à média da Área Metropolitana do Porto.

Silvestre defende que "a Câmara Municipal deve apostar em transportes públicos de proximidade, que não precisam de ser autocarros de 50 lugares" e que devem ser "mais ecológicos" e, "em conjunto com as Freguesias, encontrar uma alternativa" que permita às pessoas idosas chegar aos centros de saúde e a onde necessitam a tempo e horas.

A habitação foi outro tema referido durante o debate. O Bloco propõe que se chege à meta de 6% de habitação pública no concelho, o que Silvestre Pereira considera possível, porque "é uma questão de prioridade política" na estratégia local para a habitação. Refere que a Maia tem 2.444 fogos [de habitação social] e que fez um levantamento que revelou serem necessárias 794 habitações. Mas "o problema da habitação não surgiu agora. A coligação de direita que governa a Maia há mais de 40 anos não constrói habitação social desde os tempos do PER" (Programa Especial de Realojamento), quando o Presidente da Câmara ainda era Vieira de Carvalho, "apenas faz manutenção das habitações sociais existentes", o que é insuficiente.

De acordo com o candidato do BE, "o executivo não se pode eximir dessa responsabilidade", pois "só o investimento muito forte na habitação social pode fazer com que a especulação imobiliária caia", o que não só é responsabilidade do Governo como também dos Municípios.

Outro tema que surgiu durante o debate foi o Tanatório da Maia. Silvestre começou por dizer que nada tem contra a iniciativa privada mas que "há determinadas soluções que passam pelo serviço público. Entregar o Tanatório a privados é "fazer de um bem público um negócio", disse.

O candidato bloquista fez questão de introduzir no debate o tema da burocracia dos serviços municipais. "Existem muitas queixas sobre a burocracia da Câmara Municipal da Maia. Precisamos de um verdadeiro "simplex" municipal para os cidadãos e para as empresas, que não só aliviaria os trabalhadores da Câmara como os munícipes do tempo gasto e dos custos" que têm com os serviços municipais.

No final do debate, já sem tempo para se falar no ambiente, Silvestre referiu que há problemas e preocupações como é exemplo a poluição da Siderurgia, e deixou uma mensagem aos eleitores: "Estes mais de 40 anos de executivos de direita demonstraram que é muito útil ter alternativas e que o Bloco é uma alternativa credível, com provas dadas no concelho".