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Uma odisseia pela rede de autocarros da Maia

A Maia tem cerca de 135.000 habitantes (censos 2021) mas o seu território é muito desigual em termos de infrastruturas como os transportes coletivos.

Se por um lado, a Cidade da Maia, Àguas Santas, Pedrouços ou Moreira estão razoavelmente bem servidos, Gemunde, Silva Escura, Folgosa ou S. Pedro Fins, entre outros, não possuem infrastruturas minimamente adequadas de transportes coletivos.

Observando seis períodos de uma hora (8-9h, 12-13h, 13h-14h, 17-18h, 20-21h e 23-0h), seguimos o mapa dos percursos dos autocarros que partem da Freguesia até ao centro do concelho disponíveis durante a semana.

Começamos em Gemunde, às 8h da manhã. Os únicos autocarros disponíveis são o 36 da linha Lionesa (Maia Transportes/Nogueira da Costa), na Rua do Castanhal, ou o 20 da Maia Transportes, na Rua do Padrão, ao pé da igreja. Ambos só a partir das 8:30.

Pelas 12h, só o 36 da Lionesa está disponível nas redondezas (sai às 12h19). A alternativa é ir pé até ao centro do Castêlo da Maia para apanhar o 20 da Maia Transportes ou andar a pé até Moreira para entrar no 604, em Châncidro.

Pelas 14h, o cenário anterior praticamente repete-se. Apanha-se o 36 da Lionesa, na Rua do Castanhal, ou então o 20 ou o 14 da Maia Transportes, na Rua do Padrão.

Às 17h, hora de ponta, o 36 da Lionesa e o 20 ou o 25 da Maia Transportes são as linhas disponíveis.

Chegando às 20h, a única linha próxima é o 20 da Maia Transportes, na Rua do Padrão.

Por fim, às 23h, não existem autocarros em Gemunde.

Seguimos para Silva Escura.

Às 8h da manhã, o único autocarro disponível é o 5 da Nogueira da Costa, na Rua de Frejufe ao pé da EB1.

Às 12h, não há autocarros, mas às 13h em ponto lá vem o 5 outra vez.

Chegando às 14h, não há sequer autocarros em Silva Escura. A alternativa é ir a São Mamede apanhar o 25 da Maia Transportes, isto se não se quiser ir até à Rua do Gestalinho, em Barca, apanhar o 600 e ir cerca de uma hora a pé até à Maia.

Já às 17h, é possível apanhar o 5 da Nogueira da Silva junto à EB1 ou então, andando um bocado a pé, pode apanhar-se o 25 da Maia Transportes no Largo de Frejufe.

Às 20h, volta a não haver autocarros em Silva Escura e a alternativa é ir até Vermoim apanhar o 603, na Rua Padre Luís Campos, ou até Barca, apanhar o 600 e seguir uma hora a pé.

Em Folgosa, pelas 8h, apanha-se em Camposa o 13 ou o 30 da Maia Transportes ou, em alternativa, o 25 da Maia Transportes, na Avenida da igreja.

Às 12h, a solução é apanhar dois autocarros da Maia Transportes. Primeiro o 30, na Camposa (12:45) e depois o 11, na Rua Sidónio Pais.

Pelas 17h, apanha-se o 30 ou o 13 da Maia Transportes a partir de Camposa.

Às 20h, não existe qualquer autocarro que parta de Folgosa para a Maia.

Na vizinha São Pedro Fins, pelas 8h apanha-se o 25 da Maia Transportes, na Rua da Igreja. Esta linha é a opção mais viável também para as 12h, as 14h e as 17h. Todas as alternativas implicam transbordo ou andar muito tempo a pé.

Chegando à noite, já não partem mais autocarros de São Pedro Fins.

 

Que soluções a candidatura do Bloco preconiza para resolver o problema dos transportes na Maia?

Existem várias soluções, que passam pelo interface de vários meios de transporte coletivo público, como o metro e o autocarro, em conjunto com os modos suaves e o transporte individual.

A gestão dos transportes públicos é realizada de forma conjunta pelos Municípios da Área Metropolitana do Porto, entre eles a Maia, e a necessidade de reforçar as linhas da STCP é tão evidente que é quase consensual entre os autarcas dos respetivos Municípios.

Mas enquanto não existir o necessário investimento na aquisição de autocarros ou na contratação de mais motoristas, o Município da Maia deve investir na criação de uma rede de pequenos autocarros, mais ecológicos, mais baratos e adaptados às pessoas de mobilidade reduzida, que passem pelas ruas e travessas do interior do concelho onde não existe qualquer oferta de transportes públicos, ajudando a aproximar a população destas Freguesias e lugares do centro da cidade.

O potencial benefício económico e social que este investimento poderá trazer supera em muito os custos do investimento financeiro da autarquia.

Acrescente-se que o que o Bloco de Esquerda defende nada tem a ver com o que a Câmara da Maia fez no passado, nomeadamente a criação de mais uma empresa municipal que acabou por privatizar. Queremos que o Município faça a gestão direta da nova rede de transportes, pois esse modelo de gestão é mais eficaz e mais transparente.

Maia para todos é transporte coletivo público em todo o lado!