Precisamente há 45 anos atrás, pelas 22h55, tocou na rádio o primeiro sinal: "E depois do Adeus". Duas horas e trinta minutos depois, já dia 25 de Abril, tocou o segundo sinal, "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso.
Era este o sinal indicativo para que os rebelados ocupassem os pontos estratégicos do País. Horas depois a ditadura desmoronou.
Hoje, passados 45 anos, quantos mais sinais precisamos nós de ver/ouvir?
Se a terra é da fraternidade e o povo é quem mais ordena, para quando uma tomada de consciência, de afirmar bem alto que todas as injustiças e todos os atropelos podem e devem ser combatidos e derrotados?
Estamos hoje aqui para lembrar o fim de uma ditadura bolorenta e o fim de uma guerra que parecia interminável.
E neste ano em que tanto se tem falado em igualdade de géneros, é bom lembrar que em Abril de 74 começou a trabalhar-se nesse sentido.
A mulher teve a oportunidade, o direito de decidir, de votar, começou a ter voz.
Recordo a narração de uma mulher, que aquando a queda da ditadura, não sabia muito bem o que estava a acontecer. Mas o que fosse era bom, pois o seu filho iria regressar de uma guerra, para a qual não escolheu ir combater; iria regressar ao seu País, a sua casa e para o colo da sua mãe. Mas quantas mulheres ficaram sem marido e filhos para uma luta que não era a deles. Lembrem-se: "Menina dos olhos tristes o que tanto a faz chorar, o soldadinho não volta, do outro lado do mar".
O dia de hoje será para lembrar.
Lembrar que as conquistas de Abril estão presentes na nossa vida.
Lembrar que cabe a cada um de nós defendê-las.
Lembrar que foi por paz, pão, habitação, saúde e educação que os nossos militares e que o nosso povo se organizaram.
Lembrar que nós, mulheres, somos parte essencial na sociedade e que teremos de continuar a ser e a sermos respeitadas por isso.
Recordar que quisemos saber quem somos, o que fazemos aqui, e que não estamos abandonados e abandonadas. Partir é morrer. E não queremos isso. Queremos um Portugal vivo!
Viva Portugal!
Viva quem não receia lutar pela paz perdida, pela dor aprendida, pelas flores que vêm e se desfolham.
Viva o 25 de Abril!
25 de Abril sempre!