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25 de Abril: “Queremos ser donos dos nossos destinos”

 

Na sessão da Assembleia Municipal de 25.04.2014, sessão em que se evocou e comemorou o 25 de abril de 1974, o Bloco de Esquerda menciona, entre outras importantes conquistas políticas e sociais, o “fim de uma guerra colonial injusta e fraticida” e a liberdade de pensar e agir, fruto das conquistas da liberdade de expressão e informação, do direito a aprender e a ensinar, do acesso universal ao ensino, e os direito à saúde, à habitação digna, e a liberdade de associação e organização sindical, o direito à greve, à negociação coletiva, à cultura, ao lazer e ao desporto, bem como os os direitos da mulher, o direito ao voto, e o acesso à justiça”.

Para os deputados Silvestre Pereira e António Neto, são estes os valores que constituiram verdadeiros pilares para a construção de um país “incomparavelmente diferente  e no caminho do progresso, do desenvolvimento e da justiça social.”

A Revolução de Abril fez com que deixassemos de ser  “o país mais pobre e atrasado da Europa para assumirmos um lugar de destaque” e ao mesmo tempo foram “uma esperança renovada para muitos povos que usaram o nosso exemplo para a luta pela sua emancipação”.

Porém, 40 anos passados, os direitos obtidos com recurso à desobediência, à luta e à persistencia do povo português estão a ser postos em causa por uma “lengalenga de políticos e seus acólitos de serviço” que nos querem fazer acreditar que  “ agora é assim porque vivemos acima das nossas possibilidades” e assim provocam “o empobrecimento dos povos” que “colocam governos no poder que não os representam e operam a sua política no sentido do empobrecimento cíclico e da exclusão social”.  

Para este governo, os culpados “fomos nós próprios”, mesmo que três quartos da dívida internacional do nosso país, que eram dívida privada da banca e das sociedades financeiras, e não eram dívida pública, se tenham transformado, por magia, numa conta que todos nós, e não a banca, vamos ter de pagar”, enquanto contraditóriamente, “prescrevem os crimes económicos de Jardins, Rendeiros e os que se seguirão!”

Por isso, “na nossa terra, no nosso País, no mundo inteiro, se exige outro caminho, porque há alternativa” e “não tem sentido viver esmagado por uma dívida que cresce e cresce continuamente, em nome dum ajustamento que cria cada vez mais e mais pobres e excluídos e uma dívida cada vez mais insuportável!”

Para o Bloco de Esquerda, a culpa não é nem foi dos direitos conquistados: à saúde, ao ensino, aos salários, ás pensões. Abril foi a esperança e a mudança, e que está bem latente na nossa memória como algo que tem de ser preservado e reconquistado para que a nossa vida melhore.

“Não há soluções para o estado atual das coisas, para este governo, ou qualquer outro governo, que insista na austeridade, que se negue a reestruturar a dívida, o seu montante e os abusivos juros que nos estão impostos e que permita que a política seja determinada pelos denominados “mercados” de agiotas sem cara!”

Os deputados bloquistas citaram ainda o padre António Vieira: «Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros? Muito maior açougue é o de cá (...) Os grandes que têm o mando das Cidades e das Províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, ou poucos a poucos, senão que devoram e engolem povos inteiros».  “Nada mais atual, assim são os mercados e a finança!“, concluem.

“O que nos está a ser retirado ao povo que trabalha e construiu este país, e está a ser repetido um pouco por todo o mundo, é a ideia de um estado social e de uma democracia participada, e quem nos rouba é uma elite neo-liberal, que defende, no fundo, um mundo dividido apenas em duas partes: um condomínio de luxo fechado, para eles, e um bairro da lata imenso para todos os outros.”

O BE não esquece a importância do Poder Local no desenvolvimento do nosso país, que é também visível no nosso Concelho. Mas “até aqui a desobediência ao poder central é fundamental!”

“É necessário clamar contra as injustiças que o centralismo nos pretende impor” e “dar respostas urgentes aos problemas dramáticos vividos por cidadãos da Maia, na habitação social, na construção de infraestruturas rodoviárias e ferroviárias como a alternativa à EN 14 ou a prossecução do projeto do Metro e a mobilidade dentro do concelho”.

Os deputados lembram que “o 25 de Abril somos nós” e não a troika, e “não queremos nem podemos sorrir quando tudo nos retiram”. Exigimos ser donos do nosos destino, porque Abril é do povo e o povo é quem mais ordena!